quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Conselho Pastoral dos Pescadores - Regional Nordeste

Conselho Pastoral dos Pescadores - CPP 40 Anos de caminhada ao Lado dos Pescadores e Pescadoras Artesanais em defesa da Vida

         A história dos pescadores/as do Brasil está marcada por dois momentos: o primeiro quando eles/as foram involuntariamente “alistados” pela Marinha do Brasil para garantir a soberania nacional e controle da produção. Assim começaram a ser organizados pela capitania dos Portos.

 Frei Alfredo Schnuettgen 
- OFM -
O segundo momento nasceu da tenacidade de Frei Alfredo Schnuettgen e a vontade de contribuir com a transformação da vida da categoria, oprimida e excluída das políticas sociais. Este momento ocorreu no final dos anos 60 com a criação da Comissão Pastoral dos Pescadores - CPP, no Nordeste brasileiro, iniciativa que se expandiu ao norte e sul do país. Posteriormente passou a ser chamado de Conselho Pastoral dos Pescadores- CPP, como é conhecido hoje.

          A partir da atuação e debates com os/as pescadores/as foram identificados os problemas: falta de autonomia; atrelamento ao estado; exploração da produção; negação aos direitos sociais; ameaça aos territórios; falta de política de fomento à pesca e o avanço da poluição. Essa realidade provocou o CPP na ação profética.

Irª. Maria Nilza de Miranda Montenegro
 - Irmãs Dorotéias - 
          Nestes 40 anos de caminhada ao lado dos pescadores/as o CPP tem muito à comemorar: a constituinte da pesca e os avanços que seguiram- direitos incluídos na constituição de 1988; as pescadoras artesanais conquistaram o reconhecimento, valorização e direito a se filiar as colônias; reconhecimento das colônias de pescadores como órgão de classe; autonomia das colônias perante as federações e confederação; conquista dos direitos previdenciários; consciência da preservação ambiental; luta pela criação de órgão nacional de fomento á pesca; luta pelo território, através da criação das unidades de conservação; criação dos Movimentos Nacional dos Pescadores; entre outros.

          Todavia, o Ministério da pesca e Aquicultura, criado em 2009, que era uma luta dos pescadores/as para desenvolver de modo sustentável a atividade, surge como uma ameaça á pesca artesanal. Através dele o governo brasileiro tem investido nos grandes empreendimentos aquicolas (carcinicultura, maricultura e piscicultura), e provocando sérios impactos ambientais, alem das constantes ameaças ao desaparecimento dos Territórios Pesqueiros.

Dom José Haring
           Ao longo dos séculos os/as pescadores/as tem garantido a sustentabilidade econômica e ambiental dos ecossistemas, mas também são ameaçados/as pela privatização das terras publicas e das águas; grandes projetos; turismo desenfreado e especulação de terras.

          Hoje, os/as pescadores/as lutam pelo reconhecimento, conquista dos territórios tradicionais pesqueiros, preservação do meio ambiente e efetivação de políticas publicas para a pesca artesanal. O CPP continua com a missão contribuir na mudança da realidade das comunidades pesqueiras e em transformar homens e mulheres da pesca artesanal em agentes da própria historia.

            Que o espírito de luta e de tenacidade do Frei Alfredo Schnuettgen permaneça vivo em cada pescador/a e agente de pastoral na busca de uma  sociedade mais justa, humana e comprometida com a vida do planeta.